Jornada de Obstetrícia e Ginecologia da Santa Casa de São Paulo

Dados do Trabalho


Título

INVERSAO UTERINA

Introdução

Inversão uterina é a emergência cirúrgica em que o fundo uterino se move para o interior da cavidade endometrial1. A incidência varia de uma para cada 6 mil em partos vaginais2, estando relacionada com fatores de risco como macrossomia, cordão curto, uso prolongado de ocitocina ou sulfato de magnésio, primiparidade, anomalias uterinas, remoção manual da placenta e acretismo placentário1,3.
Este caso relata uma paciente submetida a histerectomia puerperal por parto vaginal com inversão uterina, identificação de acretismo placentário e atonia uterina.

Descrição do caso

Paciente, sexo feminino, 35 anos, secundigesta, submetida em 04/02/2024 a histerectomia puerperal por inversão uterina com acretismo placentário e atonia uterina em parto vaginal. Durante a dequitação foi identificado acretismo placentário e inversão uterina. Realizou-se Manobra de Taxe sem sucesso, apresentando sinais de choque hipovolêmico (PA 80 x 60 mmHg e FC 120 bpm). Foi submetida a histerectomia puerperal com necessidade de transfusão de um concentrado de hemácias. A placenta foi enviada para anatomopatológico que demonstrou decídua gravídica infiltrando superficialmente o miométrio que apresentava edema, congestão vascular e hipertrofia de células musculares lisas, com áreas de miometriais sinciciais.

Relevância

A inversão uterina é uma das complicações mais graves do trabalho de parto, pois possui elevada taxa de mortalidade devido a hemorragia. Assim, é essencial diagnosticar e tratar a condição o mais precocemente possível com reposição volêmica seguida da remoção placentária (se necessário), reposicionamento manual do útero e administração de uterotônicos. Outras opções consistem na redução hidrostática ou procedimentos cirúrgicos como o de Huntington e Haultain, reposicionamento assistido por laparoscopia e incisões cervicais com reposicionamento uterino manual. Caso não haja desprendimento placentário, a histerectomia pode ser necessária4.

Comentários

Após o procedimento, a paciente apresentou boa evolução sem complicações. Teve alta hospitalar em três dias e foi orientado seguimento puerperal ambulatorial.

Referências Bibliográficas

1. Zugaib M, Vieira RP, Zugaib. Obstetrícia - 5ª ed. Manole; 2023: p. 486.
2. Bernath T, Carvalho MHB, Martinelli S, Kahhale S, Zugaib M. Mortalidade materna: as hemorragias no ciclo grávido-puerperal. Rev Ginec Obst 2001; 12(3): 135-41.
3. You WB, Zahn CM. Postpartum hemorrhage: abnormally adherent placenta, uterine inversion, and puerperal hematomas. Clin Obstet Gynecol. 2006.
4. Thakur M, Thakur A. Uterine Inversion. 2022 Nov 28. In: StatPearls [Internet]. Treasure Island (FL): StatPearls Publishing; 2024.

Área

Categoria Sylla Matos para o pôster de Obstetrícia

Instituições

Santa Casa de Misericórdia de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CATARINA ANGEL DIAS CARDOSO, Renata Pinto de Souza Sawaia , Beatriz Maria Villar de Carvalho Barbosa, Patricia Kim, Eduardo Namura di Thomaz